DINAMO MINSK, DA BIELORÚSSIA, DIRETO DA MÁQUINA DO TEMPO

Esse é o Football Club Dinamo Minsk, um dos maiores clubes de futebol da Bielorrússia (ou Belarus). Foi o único time do país a ter disputado a divisão principal do extinto campeonato soviético, o qual venceu a edição de 1982.

Foi criado em 1927, já durante o regime da URSS, como parte da sociedade esportiva All-Union Dynamo, mantido pelo Ministério Soviético de Assuntos Internos. Em 1954 o clube foi excluído da All-Dynamo e fechado, sendo reaberto no mesmo ano como Spartak Minsk. 

A sociedade esportiva All Union Dínamo era um departamento de esportes mantido pela KGB, o orgão de segurança do estado soviético. Uma das principais sociedades esportivas da URSS. a All-Union Dynamo abrigava outros esportes além do futebol, sendo patrocinada pelo Ministério Soviético de Assuntos Internos. Existe uma lenda que diz que os clubes do grupo All-Union Dynamo eram controlados pela KGB, mas não era bem assim. É fato que, durante o período soviético, os jogadores de todos os clubes da All-Union Dínamo da URSS eram oficialmente militares com uniforme soviético, ganhando posição, salário e pensão quando jogavam no time, bancados pelo ministério.

O Dinamo Minsk foi fundado em 1927 como parte da Sociedade Esportiva Soviética do Dínamo. Passaram parte de sua história nas ligas inferiores da União Soviética e em 1940 foram promovidos à Liga Soviética, tornando-se o primeiro e único time bielorrusso a competir na primeira divisão soviética. Foram rebaixados para o segundo nível em 1952, mas retornaram ao nível superior no ano seguinte. Em 1954, terminaram em terceiro lugar, seu melhor desempenho na primeira divisão até o momento. Logo em seguida o clube e foi dissolvido, sendo refundado como Spartak Minsk, apenas para ser renomeado como Belarus Minsk em 1959, em homenagem à república soviética no Campeonato Nacional. Em 1962, voltaram ao nome original de Dinamo Minsk. Eles foram rebaixados novamente do nível superior em 1955 e jogaram no nível superior novamente na temporada de 1960, mas foram rebaixados novamente em 1973. 

Voltando para 1972, um dos maiores ídolos do Dinamo Minsk começou a cogitar pendurar as chuteiras. Com uma lesão na cartilagem do menisco de um de seus joelhos, não tinha as melhores condições de prosseguir. Depois de fazer 278 jogos pela equipe, anotando 114 gols, e representando a seleção soviética em mais de 40 partidas, inclusive na Copa do Mundo de 1966, o ponta Eduard Malofeev parou de vez e começou a orientar as equipes de base do clube. Tinha 33 para 34 anos.

Em 1975, o time principal. Nascia alí um jeito de jogar futebol que se contrapunha à abordagem tradicional dos russos. Avesso à ciência de gente, estudos sobre contusões e condições físicas, Malofeev propunha um futebol sincero, ou seja, um jogo sem provocar lesões, sem choques, sem empurrões: só se posicionar e chutar a bola. 

A abordagem foi eficaz lidando com jovens, mas também com indivíduos que lutavam contra seus problemas. Enquanto garotos como Sergei Gotsmanov, Sergei Aleinikov e Andrei Zygmantovich, todos futuros internacionais soviéticos, ascendiam, veteranos como o goleiro Mikhail Vergeenko, o atacante Pyotr Vasilevsky e o craque-problema Aleksandr Prokopenko, jogavam seus últimos anos de carreira. 

Logo na primeira temporada o clube conquistou o retorno para a principal liga soviética. Mostrando uma evolução notável na qualidade do jogo, o grupo deixou claro que o rebaixamento não voltaria a ser problema tão cedo.

Em 1982, o cartão de visitas do Dinamo Minsk foi apresentado logo na primeira rodada, quando recebeu o Dinamo Moscou. Prokopenko ainda tinha futebol e marcou o solitário gol da partida. Na sequência, a vítima foi o Spartak, também derrotado por 1 a 0. Apesar disso, o Campeonato Soviético era duríssimo, recheado de times fortes e com tradição. O Dinamo Tbilisi, da Geórgia, logo obrigou Malofeev a permanecer com os pés no chão, goleando o Minsk, 4 a 1.

Quaisquer planos do Dinamo Minsk passariam por frear as investidas do ucraniano Dinamo de Kiev, o bicampeão vigente com oito jogadores que representaram a União Soviética no Mundial de 1982, entre os quais Oleg Blokhin. Quando por fim recebeu o Dynamo de Kiev, o Minsk já havia perdido todas as partidas que perderia. À derrota para o Tbilisi, sumariam-se infortúnios contra Metalist (2 a 1), Chernomorets (1 a 0), Shakhtar (2 a 1), Neftchi (3 a 2) e Torpedo (1 a 0), a única em casa. Mais importante do que isso, em plena Kiev, com gols de Yuriy Kurnenin, Prokopenko e Kondratyev, o time vencera o Dinamo, no que era para ter sido um confronto de segundo turno, mas aconteceu primeiro.

Quando se reencontraram, já se sabia que a corrida para o título se resumia aos dois. Ou ficaria na Ucrânia ou iria para Bielorrússia — pela primeira vez. O empate por 1 a 1, novamente com Prokopenko indo às redes, num verdadeiro golaço de calcanhar, deixou as coisas em aberto.

Depois de massacrar o Dinamo de Moscou na penúltima rodada, 7 a 0, o Minsk enfrentaria o Spartak Moscou e vencendo seria o campeão. O time da capital até saiu na frente, mas Igor Gurinovich foi ao resgaste dos bielorrussos e virou a partida. Vasilevsky e Aleinikov aumentaram o marcador. Porém, o rival foi à luta e marcou mais duas vezes, com Sergei Shavlo. Foi isso: 4 a 3 e a confirmação do inédito título do Dinamo Minsk.

Com o título nacional, o Dinamo Minsk se classificou para a Copa dos Campeões de 1983-84, dada a divergência de calendário entre a URSS e a maior parte dos campeonatos nacionais do restante da Europa. Os belarussos não conseguiram renovar a conquista soviética em 1983, ficando na terceira posição, seis pontos atrás do campeão Dnipro, mas fizeram bom papel na competição continental, apesar de lidar com a recaída e decadência de Prokopenko, que deixara o clube e faleceria em 1989, aos 35 anos.

Na Copa dos Campeões da UEFA - atual Liga dos Campeões o Dinamo enfrentou os suíços do Grasshoppers na primeira fase, e passaram com um placar agregado apertado, 3 a 2. Adiante estavam os magiares do Györ. Na viagem do Minsk, a Europa teve um vislumbre do que a sinceridade de Malofeev era capaz de produzir: seis gols, com o atacante Viktor Sokol marcando um hat-trick. O jogo acabou 6 a 3 para os soviéticos e o artilheiro da partida marcaria mais dois na volta, vencida por 3 a 1. Sokol seria o artilheiro da competição, com meia dúzia de gols.

O fim da linha aconteceu nas quartas, contra um time que era casca duríssima, o Dinamo Bucareste. Depois de empatar em casa, o Minsk cedeu um mísero e fatal tento aos romenos e foi eliminado.

A vitrine do título de 1982 e da competição europeia permitiu que jogadores bielorrussos passassem a integrar a Seleção Soviética em torneios oficiais da FIFA: no time campeão de 1982, jogavam Syarhey Aleynikaw, Syarhey Hotsmanaw, Syarhey Barowski e Andrey Zyhmantovich.

Pouco depois, a história de sucesso do Dinamo Minsk chegou ao fim, embora o time seguisse entre os melhores do país, conservando sua base de jogadores. Honrado por seus feitos, Malofeev assumiu a seleção soviética ainda em 1983.

Após a independência da Bielorrússia com a desintegração da União Soviética, o Dinamo se tornou o maior vencedor do campeonato local. O clube ainda é o maior vencedor local, porém não conquista um título oficial desde 2004.

Na temporada 2015-2016, o time bielorrusso chegou até a fase de grupos da UEFA Champions League, quando enfrentou o Villareal, da Espanha, o Viktoria Plzeň, da República Tcheca, e o Rapid Wien, da Áustria. Infelizmente o clube não passou da primeira fase.

Seus principais títulos são o Campeonato Soviético (da antiga URSS) de 1982, 8 Campeonatos regionais da Bielorrússia (ainda na época da antiga URSS), 7 Vysshaya Liga (campeonato bielorusso), o último em 2004, e 3 Copas da Bielorrússia, a última em 2002/03.

Nossa versão foi montada em lentes de 45mm com arte semelhante a um modelo antigo.

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