PORTUGUESA, DE SÃO PAULO-SP, COM OUTRA ROUPA NOVA

Essa é a Associação Portuguesa de Desportos, da cidade de São Paulo - SP. É o segundo time de 100% dos paulistanos. Depois de 8 anos fora da elite do futebol paulista, conseguiu garantir sua vaga na primeira divisão do Paulistão de 2023!

O clube foi fundado em 1920 com a fusão de cinco sociedades lusitanas já existentes: Luzíadas Futebol Club, Associação 5 de Outubro, Esporte Club Lusitano, Associação Atlética Marquês de Pombal e Portugal Marinhense. 

No mesmo ano o novo clube foi aceito pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) em setembro. Porém como não havia tempo para novas inscrições naquele ano, a Lusa conseguiu uma parceria com o Mackenzie College, que vinha em decadência, e ambos as equipes disputaram duas temporadas juntas, até o fim da união 1923.

Os momentos iniciais de destaque viriam somente na década seguinte. No estadual de 1933, venceu o Palestra Itália, que vinha de longa sequência invicta, e terminou na 3ª posição, repetida em 1934.

Uma cisão no futebol paulista devido a discussões sobre a profissionalização no futebol gerou a divisão dos times em duas federações: a própria APEA e a Liga Paulista de Futebol (LPF). Clubes como Santos, Corinthians, Palestra Itália e São Paulo migraram para a LPF, a favor da profissionalização, enquanto a Portuguesa permaneceu na APEA. 

Em 1935 e 1936, a rubro-verde decidiu o título na última rodada, contra o Clube Atlético Ypiranga. Em uma disputa final de "melhor de três" após terem a mesma pontuação na tabela, as equipes empatavam quando houve pênalti para a Lusa. O adversário abandonou o campo em protesto (o que era comum na época, sem contar as brigas) e foi declarada vitória lusitana. No jogo seguinte, o time venceu por 5 a 2 e conquistou seu primeiro título. Na temporada seguinte, uma goleada por 6 a 1 na última rodada garantiu o bicampeonato.

Com o encolhimento da APEA, a Lusa migrou para a LFP em 1938 e em 1940, o clube sagrou-se vice-campeão paulista pela primeira vez. Durante 13 anos consecutivos, entre 1945 e 1957, a Lusa terminou o Paulistão entre os cinco melhores do Estado. Foi nesse período, por exemplo, que vieram as históricas goleadas sobre o Corinthians, por 7 a 3, em 1951, e contra o Santos, por 8 a 0, em 1955. Nomes como Djalma Santos, Julinho Botelho, Muca, Nena, Nininho, Pinga I, Simão, Brandãozinho permanecem até hoje no imaginário da torcida, que também comemorou os títulos do Torneio Rio-São Paulo em 1952, diante do Vasco da Gama, e 1955, diante do Palmeiras.

Vinte anos depois, em 1973, o time chegou à final do Paulistão contra o Santos. Após empate por 0 a 0, em momento polêmico e até folclórico, o árbitro Armando Marques encerrou a disputa de pênaltis quando a Portuguesa ainda poderia reverter a contagem. Os atletas comandados por Oto Glória saíram rapidamente do estádio e o título foi decidido fora de campo, dividido entre as duas equipes. É o último título da Portuguesa em uma primeira divisão até hoje. 

Com nomes como Badeco, Dicá, Calegari, Wilsinho e o goleiro Zecão, o time manteve a base e chegou novamente à final dois anos depois, em 1975, contra o São Paulo, quando perdeu o título nos pênaltis.

A Portuguesa foi presença frequente no Campeonato Brasileiro desde as suas primeiras edições, apesar de não ter tido muito destaque na década de 1970. 

Já a década de 1990 traz boas lembranças à torcida lusitana. Em 1991, veio o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, com diversas goleadas, inclusive a final, contra o Grêmio, por 4 a 0, e a revelação do craque Dener, que teve a carreira interrompida em 1993, morrendo em acidente de carro quando jogava pelo Vasco.

Foi no Brasileirão de 1996, porém, que a Lusa chegou ao seu auge em competições nacionais. Com nomes como Capitão, Rodrigo Fabri, Alex Alves, Clemer, Zé Roberto e Gallo e sob o comando do técnico Candinho, a equipe foi vice-campeã, perdendo a final contra o Grêmio.

Em 1998, outro ano de destaque. A Portuguesa chegou às semifinais do Paulistão, onde enfrentou o Corinthians. No Morumbi, a vitória por 2 a 1 garantia a Lusa na grande final, mas, em lance polêmico, o árbitro argentino marcou pênalti pra lá de duvidoso, alegando mão do zagueiro na área. O lance foi convertido, eliminando a rubro-verde e o tal do argentino é lembrado até hoje, com diversos elogios a sua mamãe.

Porém na década seguinte a maré virou. Em 2002 a Lusa conquistou seu segundo título da Copa São Paulo, o que animou a torcida, porém no Brasileirão daquele ano o clube teve um final de campeonato muito fraco e acabou sendo rebaixado, pela primeira vez em sua história, ao lado de Palmeiras e Botafogo. Em 2006, o pior ano da história do clube até então. Pela primeira vez, a Lusa foi rebaixada à Série A-2 do Paulistão.

Em 2007 os ventos mudaram de direção: com folga, o clube foi campeão da Série A-2. No Brasileirão, conseguiu o acesso com antecedência. A alegria não durou muito, e o time acabou sendo rebaixado novamente já em 2008.

O melhor ficou reservado para 2011. No Paulistão, o técnico Jorginho deu outra cara à equipe, que conseguiu se classificar à fase final do Paulistão, o que não ocorria desde 1998. No Brasileiro, o time, que trazia nomes como Marco Antônio, Weverton, Edno, Guilherme, Luís Ricardo e Ananias conquistou uma série de goleadas e foi campeão da Série B com apenas três derrotas, invicto no segundo turno. Foi a chamada Barcelusa. 

Mas infelizmente o pior estava por vir. No final de 2013, em mais um arranjo de bastidores para salvar clubes sem escrúpulos do rebaixamento, uma decisão do STJD rendeu uma punição de quatro pontos ao clube no final do campeonato, derrubando a Lusa da 12ª para a 17ª posição, decretando mais um rebaixamento.

Poucos times no futebol brasileiro passaram por uma queda tão acentuada e rápida quanto a Portuguesa. Em 2013, o time estava na Série A, e em 2017, deixou de ter uma divisão nacional. Essa queda rápida, somada a outros fatores internos, trouxeram ao clube a pior crise financeira da sua história, que por sinal perdura até hoje. 

Na Série B de 2014, com passagem de seis técnicos e um elenco inchado, o time foi lanterna e rebaixado com cinco rodadas de antecedência. A competição ficou marcada por um W.O. diante do Joinville, na estreia, por conta de uma desorganização jurídica do clube, ainda buscando reverter o rebaixamento do brasileirão.

Nos três anos seguintes, o time lutou para não ser rebaixado à A-3 no Paulistão. No Brasileiro, queda na Série C, em 2016, e eliminação na 1ª fase da Série D, em 2017.

O clube completou 100 anos de história em 2020, porém a pandemia e a grave crise financeira, somadas à impopularidade da gestão do clube, dificultou maiores comemorações. No ano de seu centenário a Portuguesa sagrou-se campeã da Copa Paulista de 2020. Com essa conquista a Portuguesa habilitou-se a escolher entre disputar a Copa do Brasil de 2021 ou o Campeonato Brasileiro Série D de 2021, optando pelo retorno ao Campeonato Brasileiro.

Sobre sua situação atual, em 2018, o COF estimou a dívida total da Portuguesa em R$353,9 milhões ao final do exercício de 2016. O valor que mais que dobrou em comparação com 2013, quando do rebaixamento do Brasileirão. Em comparação com estudo do Itaú BBA sobre dívidas de outros clubes brasileiros ao fim de 2016, a Lusa era o 8º clube mais endividado do país. O valor estimado do Canindé em leilão (cerca de R$160 milhões) é insuficiente para pagar sequer a metade desse montante, motivo pelo qual a Portuguesa corre risco iminente de falência.

Para o desgosto dos estrupícios que a venderam em 2013, aqueles que já saqueavam o clube antes disso e que até hoje torcem contra, a querida Lusa está conseguindo se reerguer e garantiu sua vaga no Paulistão de 2023, onde passou pela fase de grupos e caiu nas quartas de final, para o Santos.

Nossa nova versão foi feita em lentes de 45mm com arte própria.

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