TORINO, DA ITÁLIA, DE ROUPA NOVA

Esse é o Torino Football Club S.p.A, um clube de futebol de cidade de Turim, no norte da Itália. O clube ajudou no crescimento do futebol no país no início do século passado, já foi base da azzurra e dominou o futebol da Europa nos anos 40.

Com sete conquistas no currículo, o Torino é um dos grandes campeões da Itália que luta por dias melhores e que hoje vive ofuscado pelas glórias do seu grande rival, a Juventus.

O clube foi fundado em 1906 na cidade de Turim com a aliança entre a Internationale Torino (fundada em 1891) e o extinto FC Torinese (fundado em 1894). Aos membros dos dois clubes, uniram-se alguns dissidentes da Juventus. Liderados por Vittorio Pozzo (que mais tarde se tornaria o técnico bicampeão mundial em 1934-38 e campeão olímpico em 1936 com a seleção da Itália) e pelo suíço Alfredo Dick, nascia o Torino Football Club.

O time jogava com as cores do Torinese – camisa com listras em amarelo e preto e calções escuros, mas o clube logo mudaria suas cores para grená. Existem duas versões na história do clube que dão razões à mudança: uma delas é  relacionada a um dos fundadores do Torino, Alfredo Dick, fã incondicional do Servette de Genebra. Ele teria resolvido mudar as cores do uniforme do Torino para grená para  homenagear o time suíço. A outra versão é relacionada a razões mais nobres: a inspiração seria uma homenagem à Brigada Savóia, que ajudou a libertar a cidade de Turim dos franceses em 1706. No retorno da batalha, os soldados da realeza trajavam lenços na cor vermelha, simbolizando o sangue do inimigo. Por isso, o clube também seria conhecido como “Il Granata”, por suas novas cores oficiais.

O Torino já nasceu forte: contava com jogadores do Torinese, que na época dominava o futebol italiano, e com alguns jogadores da Juventus. Já os membros da Vecchia Signora não aceitavam a perda de alguns dos seus para o novo clube – dando origem, assim, a uma das maiores rivalidades do futebol mundial

Os grenás de Turim disputaram seu primeiro torneio oficial no mesmo ano de 1907. E como estreantes fizeram bonito, chegando ao vice-campeonato. Mesmo não tendo tido sucesso nos anos anteriores, o Torino seguia entre os grandes do país, como Milan, Inter, Juventus, Pro Vecelli, Bologna e Genoa. O primeiro título veio na temporada de 1926/27. Entretanto, a conquista fora manchada por um escândalo: a Federação Italiana revogou o título dos grenás por causa das acusações da Juventus, que havia terminado o campeonato em segundo lugar. Segundo a Vecchia Signora, o clube grená teria subornado os adversários para prejudicá-los. Sendo assim, o Torino perdeu o título, que não foi repassado para a Juve por decisão da Federação. Naquela temporada, a Itália ficou sem um campeão.

O escândalo não abalou o clube, que finalmente conquistaria o Campeonato Italiano na temporada seguinte. Mas foi uma conquista isolada na história do clube, que passaria boa parte da década seguinte sem títulos.

Na temporada de 1935/36, o clube conquistaria a segunda edição da Copa Itália, o segundo maior torneio de clubes do país.

O Torino entraria na história do futebol europeu e mundial nos anos 40: “Il Toro”, como também é conhecido, montou um dos melhores times de sua história e um dos mais poderosos tecnicamente no futebol da velha bota. Num país onde os times eram caracterizados pelas fortes defesas, o Toro revolucionou o futebol italiano jogando com um ataque poderoso, marcando muitos gols.

Depois de 15 anos do seu primeiro scudetto, o Toro venceu o campeonato da temporada de 1942/43 com uma vantagem de um ponto do vice-campeão Livorno e sete pontos de vantagem do terceiro colocado, a rival Juventus. Na mesma temporada, o Toro conquistou pela segunda vez a Copa da Itália, com uma sequência de cinco vitórias em cinco jogos. Pela primeira vez na história do futebol italiano desde a criação da Copa Itália, um clube conquistaria, na mesma temporada, os dois principais campeonatos do país.

Após o fim da Guerra, em 1945, o Torino voltou no auge da sua qualidade técnica, rendendo-lhe o apelido de “Il Grande Torino” . Comandados pelo capitão do time, o meia-atacante Valentino Mazzola, contavam com o ótimo goleiro Valério Bacigalupo, o defensor Aldo Ballarin,  os meias Ezio Loik e Mário Rigamonti, os atacantes Romeo Menti, Piero Operto, Guglielmo Gabetto e do artilheiro Eusébio Castigliano. O clube venceu seu terceiro campeonato, superando novamente seu maior rival. O domínio do Toro na velha bota era tão avassalador que 17 jogadores do time formavam a base da seleção italiana que buscaria o tricampeonato mundial (já havia vencido em 1934 e 1938) na Copa de 1950, no Brasil.

Em 1947, o Toro chegaria à sua melhor temporada da história. Não foi apenas o melhor e o mais forte time do campeonato, conquistando o quarto scudetto seguido, ainda atingiu o maior número de gols marcados numa temporada: 125 (média de 3 gols por jogo), aplicando goleadas expressivas contra o Alexandria (10×0 em Turim) e Roma (7×0 na capital italiana). O clube grená também atingiu a marca de 65 pontos em 40 jogos (a maior pontuação da história do campeonato na época, tendo em vista que cada vitória valia 2 pontos) e ainda obteve a maior vantagem da história em relação ao segundo colocado (16 pontos de diferença da vice-campeã Juventus).

Em 1949, o Torino estava prestes a conquistar mais um campeonato italiano, o quinto consecutivo e, faltando 4 partidas para o encerramento, o time fez um amistoso contra o Benfica, em Portugal. No retorno à Itália, o avião da delegação enfrentava chuva e um forte nevoeiro na chegada a Turim quando, de repente, o Fiat G212 chocou-se contra uma das torres da Basílica localizada no topo do Morro de Superga, com 600 metros de altura e coberta pela névoa. Era o primeiro desastre aéreo envolvendo uma equipe de futebol – e também a mais notável equipe do mundo. Ficou conhecido como “A Tragédia de Superga”. Todos os 31 ocupantes da aeronave – 18 jogadores, 6 membros da delegação, 3 jornalistas e 4 membros da tripulação – morreram na hora. Dos 18 atletas mortos, 10 faziam parte da seleção italiana que iria ao Brasil disputar o Mundial de 1950.

O funeral foi realizado dois dias após a tragédia que assolou o mundo do futebol. Cerca de 500 mil pessoas de todos os cantos do país compareceram ao velório dos jogadores. Toda a cidade de Turim estava de luto por uma só equipe. Foi uma comoção nacional. Representantes da Federação Italiana e de todos os clubes da velha bota estiveram nas homenagens. O futebol italiano ficou tão chocado com a Tragédia de Superga que a seleção viajou ao Brasil de navio. Além disso, o time ofensivo que conquistou o mundo deu lugar a um time desfigurado. Com isso, a Azzurra foi eliminada na primeira fase da Copa do Mundo de 1950.

O “Grande Torino” dos anos 40, que conquistou cinco títulos italianos e uma Copa da Itália, marcou 408 gols, sendo 97 do craque Valentino Mazzola, o maior artilheiro da história do clube até hoje.

O clube sentiu o forte baque depois de perder o maior time de sua história e não teve mais força para disputar de igual para igual contra seus maiores concorrentes. Ciente da situação do clube, a Federação Italiana decidiu que mesmo com uma colocação desfavorável o Torino não seria rebaixado nos quatro anos seguintes. Mesmo com essa “ajuda”, o time atormentado e despedaçado pelo destino terminou os campeonatos seguintes em posições intermediárias. Até que na temporada 1958/59, o Toro terminou em 17ª posição, com 23 pontos, sendo rebaixado para a segunda divisão pela primeira vez.

Na temporada 1964/65, o Torino conseguiu sua melhor posição no campeonato italiano depois de Superga, terminando o campeonato em terceiro, com 44 pontos – atrás de Milan e da campeã Inter. Nessa época surgiu um novo craque no time, Gigi Meroni. Infelizmente sua história no clube foi curta. Em outubro de 1967, enquanto o Toro brigava pelo título italiano, o craque Gigi Meroni, aos 24 anos, faleceu em um trágico atropelamento. A equipe sentiu o golpe e terminou no sexto lugar naquele ano.

Nos anos 70, “Il Granata” mudaria o nome pela segunda vez: de Football Club ad Associazione Calcio Torino, para Torino Calcio. com a mudança do nome, chegaram novas conquistas. Na temporada 1970/71, os grenás venceriam pela quarta vez a Copa da Itália. 

Em 1976, o Torino venceria seu sétimo scudetto, título que não conquistava há 27 anos, desde o trágico ano de 1949. Entre os destaques daquele ano estavam o meia Giorgio Ferrini, os atacantes Francesco Graziani e Paolo Pulici – que foi o artilheiro do campeonato com 21 gols.

Nos anos 80, o Toro passou a contar com jogadores brasileiros em seu elenco. Em 1984, contratou Júnior junto ao Flamengo e em 1987 foi a vez de Müller, que chegou contratado do São Paulo. Nenhum dos dois conquistou títulos, permanecendo poucas temporadas no clube. Dos brasileiros que vestiram a camisa grená, o que mais se destacou foi Walter Casagrande Jr.

Em 1991, o Torino conquistou a Copa Mitropa (um torneio disputado entre os clubes da Europa Central). Foi a penúltima edição do torneio, extinto em 1992. No mesmo ano, o Toro se destacou em outra competição internacional, desta vez pela Copa da UEFA (hoje Liga Europa). Vice-campeão, o Toro teve o terceiro artilheiro do torneio, Casagrande, com 6 gols marcados – entre eles um gol contra o Real Madrid e dois contra o Ajax na final. Em 1993 o Torino conquistaria a Copa Itália pela quinta vez. 

Sem títulos e com graves problemas financeiros, o Torino passou a vender seus grandes jogadores. Um dos seus atletas mais promissores, Lentini, foi para o Milan. Outros atletas foram deixando o clube e foram chegando nomes como o craque ganês Abedi Pelé, o uruguaio Enzo Francescoli e o turco Hakan Sukur. Mesmo com nomes de peso, o time em campo foi um tremendo fracasso.

A série de altos e baixos do clube resultou em outros rebaixamentos, como a queda para a segunda divisão em 1996, permanecendo lá por três temporadas. O clube retornaria à série A em 1999, voltando para a série B no ano seguinte. Dentre acessos e rebaixamentos, o Torino teve mais três, entrando num momento crítico do clube, que passava por muitas dificuldades para manter seus compromissos econômicos. Desde então o clube segue em uma fase de sobe e desce entre a Série A e B.

Em 2011 o Torino e Juventus deixaram de lado a rivalidade histórica de 104 anos e proporcionaram aos seus torcedores um encontro memorável no Estádio Olímpico de Turim, reunindo craques históricos para um amistoso beneficente. O Torino teve em campo ídolos como Júnior, Lentini e Pulici; a Juve teve Zidane, Nedved, Davids, Gentile e Ravanelli. Com a bola rolando, a partida – que reverteu 230 mil euros (cerca de R$ 550 mil) para a Fundação Vialli e Mauro – não teve vencedor. Com um destaque para genialidade de Zidane e a vitalidade de Júnior, a partida terminou empatada por 2×2 (Júnior e Lentini marcaram para o Toro e Nedved e Porrini marcaram pala Juve), mas o encontro foi histórico e matou a saudade dos fãs.

Seus principais títulos foram os 7 campeonatos italianos, 5 copas da Itália, 3 campeonatos italianos da Série B e a Copa Mitropa de 1991.

Nossa versão foi montada em lentes de 45mm.

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